26.6.11

My way

My Way
Frank Sinatra
And now the end is near,
And so I face the final curtain.
My friend, I'll say it clear,
I'll state my case, of which I'm certain.

I've lived a life that's full,
I travelled each and every highway.
And more, much more than this,
I did it my way.

Regrets I've had a few,
But then again too few to mention.
I did what I had to do,
And saw it through without exemption.

I planned each chartered course,
Each careful step along the by way.
And more, much more than this,
I did it my way.

Yes,
There were times,
I'm sure you knew,
When I bit off more than I could chew.

But through it all, when there was doubt,
I ate it up, and spit it out.
I faced it all, and I stood tall,
And did it my way.

I've loved, I've laughed, and cried,
I've had my fail, my share of losing.
And now, as tears subside,
I find it all so amusing.

To think I did all that,
And may I say, not in a shy way.
Oh no, oh no, not me
I did it my way.

For what is a man, what has he got,
If not himself, then he has not
To say the things he truly feels,
And not the words of one who kneels.

The record shows,
I took the blows
And did it my way.

Yes, it was my way.

24.12.09

O que importa é quem você tem!!!

amo vocês!!!

8.12.09

Eu.

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.
Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.
E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.
Maria de Queiroz

24.11.09

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar


(Florbela Espanca)

21.1.09

Existe vida sem violência?

Quando assisto a um noticiário e vejo a ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza, penso até quando iremos ver e achar natural tal barbárie. Penso o quanto já acostumamos com isso tudo, como se as coisas não tivessem soluções, como se houvessem 'grandes manipulações' ao redor daquele lugar que não permitem as pessoas viverem em paz. Não é verdade. Para mim, só há uma resposta pra isso: Muitas pessoas ainda não aprenderam a coexistir. Até porque é mais simples pegar em armas do que lutar, em nosso cotidiano, pelo diálogo, pela compreensão do outro. É mais simples atirar bombas à distância do que compreender que não é só 'o outro' quem está errado - Há muitos erros em nós, também.

Falemos de fatos: Israel É uma democracia (em muitos aspectos, até mais que o Brasil) em meio a estados totalitários; Israel é freqüentemente bombardeado por mísseis (em escolas, sinagogas, hospitais, casas...) de radicais pró-Hamas; Tem o direito - legítimo - de defesa; Mas essas restrições à Gaza DEVEM acabar. Ou então, a paz (ou 'Um silêncio com esse nome', como diria Drummond) nunca será real, palpável, será sempre uma perspectiva futura. E assim continuam matando crianças, civis, dos dois lados; continuam fomentando o ódio.

Eu acredito em um estado palestino, que possa coexistir com o judeu. Acredito nos ideias do Fatah, nos ideias de vários israelenses (judeus ou não) pró-Palestina. Eu acredito que todos nós (no Oriente Médio ou no Brasil, em Gaza-Jerusalém ou nos Aflitos-Ilha do Retiro) que a gente pode coexistir.

É acreditar e lutar por uma vida de não-violência. Parece utópico, mas a gente tem que sonhar e lutar sempre; Ou aceitar a violência, o hábito, como coisa natural.

15.1.09

2008

Fé no recomeço do ciclo, de um novo ano que se inicia, de que a vida é boa e bela, que devemos sempre lutar por ela. Casa própria, realização de sonhos de uma pequena família. Quanta Alegria! O filho crescendo bonito, feliz, inteligente, questionador, birrento, danado, um menino com eu queria ter. O marido dos mais bonitos e amáveis, com tanta alegria no cotidiano que parece até indecente ser tão feliz. Uma casa cheia: de uma gata que se acha a dona do pedaço; de amigos que sempre são bem-vindos; de perspectivas de novas realizações e afeto.
Trabalho, trabalho, trabalho. Ensino, planejamento de aulas, aprender com os alunos, ouvir dúvidas, reclamar da bagunça, bagunçar mais que eles. Pegar ônibus cheio e ir lendo diferente livros, ouvir/dançar com o mp4, sonhar com o dia em que não será preciso correr atrás de ônibus.
Estudar muito, sempre: madrugadas acordada lendo feito uma louca, sair um parágrafo da dissertação parecia ser impossível, ouvir o desabafo dos amigos na mesma situação (cabelos em desalinho, rugas pelo stress, olheiras de cansaço). Defesa da dissertação: ansiedade, perspectiva, nervosismo, argüição. Aprovada com distinção, Mestre em Educação, UFPE. Mais uma etapa vencida.
Grupo de Teatro da Aliança Francesa, a princípio com a idéia de ‘fazer algo diferente’. Perceber que teatro envolve estudos, disciplina, ensaios, responsabilidades, pesquisa, compromisso com o grupo. E que grupo! Quanto aprendizado, novas amizades, carinho, discordância, afeto. Teatro não é hobby.
26 anos, lembrando de quando tinha 12 e vivia na rua, sumia no mundo, andava de biclicleta pro todos lugares, tinha crises de riso aos 15, viajou só, sem ninguém, pra longe, aos 16 e viu como o mundo é maior que sua própria cidade, em muitos sentidos... 26 anos se sentindo tão absurdamente feliz e gauche na vida...!
2008?Trabalhar, estudar, encontrar os amigos, beber umas caipiroscas, amar cada vez mais a família, as pessoas que fazem a vida ser tão bela (As amigas que tanto contribuem: com seu riso, com seus comentários,com as discordâncias, com a honestidade, com o jeito particular que cada uma tem, com o jeito particular com que me cativou...), realização de sonhos, aprendizagem, alegrias, tristezas, alegrias, fé no recomeço, amiga que vai embora (com a fé de que volta), amigos novos conquistados, aprendendo a viver com as diferenças, stress, nervosismo, momentos de angústia, mas a certeza de estar sempre recomeçando.2008.
Que 2009 seja repleto de coisas tão e mais belas, permeados por essa fé na vida, nas pessoas, em mim própria.
Que 2009 seja MARA :)

4.1.09

Roupa Suja

Maria, nem sei por onde começar. A contar. A minha história de amor. Quando ele, meu deus, entrou na lavanderia. Parecia propaganda de sabão. Tudo à minha volta ficou limpo, límpido, este mundo cão.

— Pois não.

Cheiroso, nem olhou para o meu alvoroço. Nem sequer um pensamento. Leve. Ele, dentro de uma bolha. Eu, tão rastejante. Nada, a partir daquela manhã, foi a mesma coisa. Meu trabalho desandou. Boiou. Quase perdi o emprego. Amor, Maria, amor.

Sabe o que é isso?

Fragrância de flor.

Comecei a usar blusinha curta. E a esperar. Toda sexta atrás de sexta. O meu homem chegar. Sem olhar para o meu perfume, apenas ordenar: para lavar, secar e passar. A barba mal aparada dentro dos óculos de marca. Escuro. Sua língua rosa. Juro: eu mordiscava.

Que nada!

Nenhum aceno de verão. Inverno. Eu queria ele para meu marido, Maria, sério. Sabe galã de novela? Era o que era. A alma atlética dele. Miséria! Mulher como eu, sujinha e pobrinha, chance nenhuma. Nunquinha. Como ganhar na lotérica.

Impossível!

Mas a gente não deve desistir.

Feito nódoa que a gente tira, com sacrifício. Ali, esfrega. Torce, bate na centrífuga. O nosso destino. Um dia muda de cor.

Foi aí que tive a idéia.

Peguei o pentelho da sua cueca. Feito este, olhe. Não tenha nojo. Pêlo grosso, que eu levei para o Painho.

— Eu quero este homem só para mim.

— Minha filha, minha filha, ele será seu, sim.

Foi o que meu orixá prometeu. E eu acreditei. Eu me agarrei nesta fé. Eu rodopiei e dancei, no batuque. Meu, só meu. Príncipe. E rei.

E saiba você que não fiquei só nisso.

Pirei.

Levei para minha casa sua samba-canção. E sambei. Vestido dentro do corpo dele o meu umbigo. Eu vesti. E senti entre as minhas coxas as suas coxas. E, Maria, jura que não conta? Assim: melequei a roupa do cliente. Múltiplos orgasmos, entende? Paixão que foi me deixando quente e doente.

E ele nem aí.

Veio, um dia, na lavanderia com a quenga. A namorada. Painho, por que não tira do meu caminho essa desgraçada? Mata ela afogada na água sanitária.

Casal tão feliz na frente do meu nariz. Ah! Meu Pai! E quando casarem? E tiverem filhos ruivos e ricos, me diga. Sou eu quem vai lavar a bosta inteira da família? As fraldas do berço?

Nem pensar.

Algo teria de acontecer.

Minha nova idéia foi perder dinheiro.

Isso, Maria, dinheiro. Que eu não tinha. Fiz uma reservinha e, quando ele veio, paguei.

— Encontrei no seu bolso.

Cinqüenta reais.

Mentira!

Era só para ele ver quanto eu valia. Nadinha. E eu poderia encontrar tantos tesouros para ele. Ao inferno eu iria, juro. Ao cu do mundo. Dourado.

Ele, espantado, agradeceu com um sorriso.

Maria, Maria!

Até hoje guardo na vista. Aquele primeiro sorriso, aberto. Um sol todo para mim. Banhando a natureza, enfim. Secando as almas chorosas.

Essência de rosas, Maria.

Essência de rosas.

Daí por diante, melhorou um pouco. Ele já chegava e colocava os óculos no peito, tesudo. E batia o olhar no meu olho. E falava, um pouco mais felpudo: para lavar, secar e passar.

E o tempo foi passando e eu fui de novo lá:

— Painho, assim não dá.

— Você vai à casa dele.

— O quê?

— Isso não vai demorar.

Quantos pentelhos terei de resgatar do fundo do cesto para que isso aconteça? O pior foi quando numa sexta-feira, Maria, a maldita apareceu. A namorada azeda.

Veio deixar a trouxa dele e as calcinhas dela. De morango. Fui ao centro e gastei mais dinheiro. Comprei calcinhas iguais. Apertadinhas. De tudo que é frutinha. O que ela está pensando? Se sou eu, euzinha, a única que cuida dos seus lencóis e das suas fronhas. Sonho com os seus sonhos. E durmo.

Que susto!

Era ele no telefone.

— Você poderia trazer o meu paletó?

— O quê?

— Aqui no apartamento?

— Como?

— Estou sem tempo.

Maria, para você ver como é a vida. Pura persistência. Não tem essa de achar que não se pode misturar. Todo mundo acaba por girar na mesma máquina. Imensa.

Corri para a rua. Retoquei o batom. Feito puta. Ele prometeu uma gorjeta. Se eu lá fosse. E subisse.

— Eu tenho de subir.

Se o porteiro não me deixasse, haveria morte. Eu pularia no seu cangote, rasgaria o seu bigode. Não foi preciso. Entro no elevador como quem entra no futuro. Não mais pelos fundos. Bem que o Painho adivinhou. Era para ser de verdade, Maria, este amor.

Chamei.

Ele veio atender.

Não era ele...

Um careca, ora essa. Engano.

— Aqui, querida.

No mesmo corredor, na porta em frente, esperava-me o senhor da minha vida.

— Ó o paletó.

Agradeceu e me deu (devolveu) dez reais. Calculei: agora, só me deve quarenta. Ora, ele que não pense que as coisas eternamente vão ficar assim. Neste chove-não-molha. Pedi água. Suei, falei que não estava me sentindo bem. E desmaiei.

Isso o que você ouviu, Maria. Desmaiei. Despenquei feito vento quando bate numa pétala. Simulei.

Vi quando ele me despejou no sofá. Trouxe lencinho engomado e álcool. Como um pai preocupado. Meu marido velho, para todo o sempre.

Fui acordando, brotando displicentemente.

— Onde estou?

— Melhorou?

Pedi só para descansar um pouco ali, no conforto. Almofadas cheirando a sabão de coco. Enquanto ele vestia, no quarto, o seu paletó. Meu trabalhador. Senti-me a sua esposa, àquela sala. Indisposta. Quem sabe, grávida?

De propósito, cerrei os olhos. Até que ele veio e me chamou. Bem de perto, outra vez.

— Melhorou?

Eu não agüentei e puxei o seu corpo pela gravata. Com a cara mais lavada, sabe o que eu fiz? Maria, eu sou doida.

Dei-lhe um beijo desentupidor.

Parece que o mundo virou um ralo só. E nós dois, sugados pelo mesmo destino. Juntos desde aquele dia. Quem diria?

Escute bem, Maria. Se hoje é você quem lava a cueca do meu marido, amanhã pode ser a dona da lavanderia.

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MARCELINO FREIRE - RASIF – Mar que Arrebenta